PROGRAMA 2023 (EM BREVE)

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PROGRAMA 2019

TRATAMENTO EDITORIAL DE TEXTOS – TET (optativa)

Catar Feijão

João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.

EMENTA

Conjugando atividades práticas às reflexões que tais práticas suscitarão, será  considerada a tradição de estudos sobre autoria e leitura, para pensar sobre os materiais linguísticos destinados a publicação em suas etapas de produção ditas pós-autorais e frequentemente entendidas como anteriores às experiências de recepção. Operando sobre textos de diversos gêneros, cujo destino também varia, os trabalhos de preparação, copidesque e revisão dão margem a refinar o entendimento das relações entre autoria e leitura e, com isso, a compreender melhor a produção de bens culturais, que mobiliza coletivos complexos, estabelecendo relações entre diferentes lugares, práticas e memórias.

 

OBJETIVOS

Abordar a tríade produção, circulação e recepção de diferentes tipos de texto, considerando seus suportes, com foco no material linguístico;

Exercitar as etapas de tratamento de um texto destinado a publicação: preparação, copidesque e revisão, considerando instrumentos de trabalho (ABNT, manuais, gramáticas, sites de referência etc.), práticas instituídas, relações institucionais;

Refletir sobre as relações entre correção, ajuste e adequação de um texto com questões relativas às imagens de autor e de leitor cultivadas em diferentes comunidades discursivas.

 

REFERÊNCIA BÁSICA

ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro – princípios da técnica de editoração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1986. (Há uma segunda edição atualizada da Lexikon/ Editora da Unesp, 2008)

ABNT NBR 6023.2018

 

Bibliografia fundamental

BRAGANÇA, Aníbal. Sobre o editor – notas para sua história. In Em questão, Porto Alegre, vol. 11, n. 12, p. 219-237, jul/dez. 2005. 

CHARTIER, Roger. Escutar os mortos com os olhos. Trad. Jean Briant. In Estudos Avançados, vol. 24, n. 69, 2010, São Paulo.

CHARTIER, Roger. A mediação editorial. In: CHARTIER.Os desafios da escrita. Trad. Fulvia Moretto. São Paulo: UNESP, 2002, pp. 61-76.

DARNTON, Robert. Cinco Mitos sobre a “Era da Informação”. Tradução Marcela Franco Fossey. In: Linguasagem, n. 19, 2011, s/p.

_____ .  A questão dos livros – passado, presente e futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

DE CERTEAU, Michel. (1990) Ler: uma operação de caça. In: DE CERTEAU. A invenção do cotidiano – Artes de fazer. Trad. Ephraim Alves. Vol. 1. 10 ed. Petrópolis: Vozes, 2004, pp. 259-273.

GRUSZINKY, Ana Cláudia; MARTINS, Bruno;  GONÇALVES, Márcio. Edição: agentes e objetos. Belo Horizonte: PPGMCOM, UFMG, 2018.

MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do ethos. Trad. Luciana Salgado. In: MOTTA; SALGADO (orgs.) Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008.

_________ . Retorno crítico à noçào de ethos. In: Letras Hoje, vol. 53, n. 3, 2018.

MUNIZ Jr., José de Souza. Tinha um editor no meio do caminho. Divinópolis: Artgio A, 2018.

______ . Revisor, um maldito: questões para o trabalho e para a pesquisa. In: RIEIRO; VILLELA; COURA SOBRINHO; SILVA (orgs.) Leitura e escrita em movimento. São Paulo: Peirópolis, 2010, pp. 269-289.

RIBEIRO, Ana Elisa.  O que é e o que não é um livro: suportes, gêneros e processos editoriais. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 9, n. 4, p. 333-341, out./dez. 2012.

_______ . Em busca do texto perfeito. Divinópolis: Artigo A, 2016.

_______ . Livro – edição e tecnologias no século XXI.Belo Horizonte: Moinhos, Contafios, 2018.

POSSENTI, Sírio. Enunciação, autoria e estilo & Indícios de autoria. In: POSSENTI. Questões para analistas do discurso. São Paulo: Parábola, 2010, pp. 91-117.

SALGADO, Luciana Salazar. A transitividade das autorias nos processos editoriais. Revista da ABRALIN, v.15, n.2, p. 187-215, jul./dez. 2016.

SALGADO, Luciana Salazar; PENTEADO, Ana Elisa de Arruda. Mediação editorial: o que é? quem faz? Revisão de Textos, ofícios correlatos e plataformas editáveis. Bragança Paulista: Margem da Palavra, 2017.

SALGADO, Luciana Salazar; MUNIZ Jr., José de Souza. Da interlocução editorial: a presença do outro na atividade dos profissionais do texto. In: Bakhtiniana, São Paulo, v. 1, n.5, 2011, p. 87-102.

YAMAZAKI, Cristina. Editor de texto: Quem é e o que faz?. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,  Santos, 2007.

material complementar

vídeo: The arte of making a book

INFOGRAPHIC: The History of Print

Slow Fires: On the preservation of the human record, dirigido por Terry Sanders, produzido pela American Film Foundation e patrocionado pela Council On Library and Information Resources, 1987, documentário originariamente em VHS.

Robert Darnton, no programa Roda Vida (2012)

“Uma história do copyright”, Rick Falvinge

sobre creative commons: Commons desde o sul global

2019

site de exercícios: adaptações de uma breve história do copyright

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Para os interessados, um aprofundamento bibliográfico pode ser encontrado nas ementas das disciplinas de pós-graduação: Literatura e mercado editorialEstudar objetos editoriais.

AVALIAÇÃO

exercícios preparatórios ou em sala (peso 1)

prova I – sobre textos comentados em sala (peso 1)

trabalho final – coleção de prefácios (peso 1)