Os materiais aqui reunidos são alguns dos textos diretamente relacionados às linhas de pesquisa definidas desde 2010, base para os trabalhos atuais de ensino, extensão e orientação.
ver livros, capítulos de livro
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K-Lit e espaço literário internacional: a circulação da literatura sul-coreana através do Literature Translation Institute of Korea
Luciana Salazar Salgado; Vitória Ferreira Doretto
Para participar centralmente do campo literário mundial (BOURDIEU, 1996; 2018; CASANOVA, 2002), as produções literárias sul-coreanas precisam ser traduzidas principalmente para línguas como inglês e francês. E este é o objetivo do Literature Translation Institute of Korea (LTI Korea), instituição do Estado sul-coreano que, entre outras ações, subsidia traduções literárias. Uma das ações do LTI Korea, a Korean Literature Now (KLN), revista produzida pelo Instituto, faz circular as mais recentes traduções subsidiadas e oferece uma visão sobre os autores do país e os temas que permeiam seus títulos. Este artigo trata da mediação do LTI Korea e da circulação e função da KLN como forma de participar do funcionamento do que chamamos de espaço literário internacional e ser um dos agentes que o influenciam, para que então a literatura sul-coreana, ou K-lit, saia de sua condição periférica. Para isto, discutem-se a atuação do Instituto e a publicação da revista, e percebe-se que, a partir do caminho aberto pela Hallyu, eles funcionam como favorecedores de circulação e ampliação de interesse pela literatura sul-coreana, procurando firmar uma posição mais central no campo literário mundial.
Palavras-chave: LTI Korea; literatura sul-coreana; campo literário, espaço literário
Texto completo: Revista Vinco
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Entrevista com Johannes Angermuller
Luciana Salazar Salgado, Letícia Clares, Gustavo Primo
Salgado e Clares: Em seu trabalho Discours académique et gouvernementalité entrepreneuriale. Des textes aux chiffres, publicado em 2013, recorrendo a Laclau (1990), Latour (2001) e Luhmann (1998), você afirma que “A la societé s’est substitué le terrain ouvert, instable et hererogène du social, dans lequel nous devons en quelque sorte naviguer, en depit des inegalités de terrain, des chausse-trappes et des points aveugles […]” (p. 81).
Gostaríamos que retomasse essa afirmação levando em conta o contexto da pandemia global já em seu segundo ano, 2021, em que se intensificaram as trocas comunicacionais e a distribuição de informação, sobretudo digitalmente. Temos discutido a hiperdigitalização nestes termos: “A distribuição dos dizeres hoje hegemônica se dá nos dispositivos digitais, nos quais uma tela tem efeito de ponto de partida dos sentidos, mas, de fato, a própria projeção de um texto numa tela decorre de operações bastante sofisticadas, em que pacotes de informação trafegam por infovias e combinam-se conforme uma programação engenhada antes de sua configuração textual, alhures.” (SALGADO, 2021).
Dessa perspectiva, podemos dizer que as armadilhas e os pontos cegos terão mudado na atual conjuntura?
Texto completo: Revista Scripta
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Notas sobre “literatura digital” e o problema dos objetos editoriais que são mídiuns digitais
Luciana Salazar Salgado
Este artigo opera com a noção de objeto editorial, delimitação teórico-metodológica que toma a produção dos livros impressos como paradigma para designar: i) todo objeto técnico em que se inscrevem textos ii) preparados para uma vida pública iii) que enseja uma interlocução. Sobre estas bases, que têm lastro nos estudos do discurso, investigamos um projeto que participa da constituição da rubrica “literatura digital”, o Observatório da Literatura Digital Brasileira. Também propomos avançar nessa abordagem ao articular os conceitos de mídium (DEBRAY, 2000) e mundo ético (MAINGUENEAU, 2008), procurando dar precisão para o que se pode entender por valores, crenças e imaginários, termos tão opacos quanto necessários na análise dos textos que se publicam.
Palavras-chave: literatura digital; mídium; mundo ético; objeto editorial
Texto Completo: INTERCOM
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A revisão de textos nos ritos genéticos editoriais
Luciana Salazar Salgado
O objetivo deste artigo é abordar a revisão de textos como coração do processo editorial. As bases discursivas da noção de ritos genéticos editoriais são detalhadas, e daí se desdobram os conceitos de código linguageiro, regimes de genericidade e ethos discursivo, operacionalizando análises de materiais revisados e jogando luz sobre o ofício de editar textos. Trata–se de apresentar uma metodologia para o trabalho e a pesquisa, possivelmente também como percurso de formação de revisores.
Palavras–chave: ethos discursivo; interlíngua; regimes de genericidade; revisão de textos
Texto completo: Revista Gutenberg
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Mídium e mundos éticos: notas sobre a construção do Observatório da Literatura Digital Brasileira
Luciana Salazar Salgado
Neste artigo, articulamos o que Régis Debraydefine como mídium a uma noção proposta por Dominique Maingueneau em seus estudos do ethos discursivo: mundos éticos. Trata-se de detalhar o que se pode entender por valores, crenças e imaginários, termos tão necessários quanto opacos quando aparecem para descrever efeitos de sentido que operam na ordem do sensível. A hipótese é que as questões técnicas estão no centro dessa operação e que, se consideramos as inscrições dos discursos em materialidades tangíveis, podemos explicar melhor a distribuição dos dizeres numa dada organização social e os funcionamentos institucionais que a autorizam. Para tanto, o conceito de hipergênero será mobilizado para apresentar um caso em estudo: o projeto de criação do Observatório da Literatura Digital Brasileira éo dado disparador da reflexão sobre“literatura digital”,uma rubrica em construção.
PAalavras-chave: hipergênero; literatura digital; mídium; mundos éticos
Texto completo: Estudos de língua(gem)
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Um quadro teórico- metodológico para o estudo dos objetos editoriais: contribuições da geografia de Milton Santos
Luciana Salazar Salgado
Neste artigo apresentamos uma proposta para o estudo dos objetos editoriais característicos do atual período, definindo-os no quadro da análise do discurso materialista e considerando alguns acréscimos conceituais importantes para o entendimento do tempo presente – que corresponde, segundo o entendemos, ao que Milton Santos (1996) chamou meio técnico-científico informacional – e da técnica de distribuição de discursos hoje hegemônica – a algorítmica, apropriada ora como ciber- cultura, ora como cultura digital, conforme as ênfases dos dispositivos tecnológicos desenvolvidos.
Palavras-chave: mediação editorial; cibercultura; cultura digital; período técnico-científico informacional
Texto Completo: Cadernos IEB
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Contribuições de Milton Santos para os estudos do discurso: uma introdução ao problema dos objetos técnicos como participes da produção dos sentidos
Luciana Salazar Salgado
A análise do discurso de tradição francesa, que legou caminhos diversos, conforme os estudos enfatizem o sujeito, a história ou a língua, sempre se definiu pela necessidade constitutiva de uma teoria social, exigindo que o desenvolvimento dos trabalhos recorram a sociólogos, historiadores, filósofos, eventualmente antropólogos, ou epistemólogos, mais amplamente. Mas poucos são os casos do recurso à geoagrafia, que tem no estudo do espaço, precisamente na forma como a sociedade se organiza espacialmente, o centro de sua episteme. Aqui, apresentamos suscintamente o atual estágio de um programa de pesquisa que há dez anos propõe, ao estudar a criação, a produção e o consumo de objetos editoriais, que se compreendam as redes estabelecidas por objetos técnicos e,assim, sua potência semântica de distribuição dos dizeres. Milton Santos, importante teórico brasileiro, é o autor fundamental. Palavras-chave:tecnoesfera e psicoesfera; cibercultura; Milton Santos
Palavras-chave: Milton Santos, objetos técnicos, tecnoesfera, psicoesfera
Texto completo: Anais V CIAD
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A produção de uma intimidade ubíqua, esteio da fratura social
Luciana Salazar Salgado, Jaime Tadeu Oliva
Neste artigo, incluímos o espaço nas condições de produção dos enunciados, considerando como partícipes da produção dos sentidos as materialidades tangíveis e suas formas de circulação. Descrevendo o atual período como “confusão dos espíritos” (Santos, 2000), consideramos a relação entre “mídiuns” (Debray, 2000) e “mundos éticos” (Maingueneau 2008) na “hiperespacialidade” (Lussault, 2013), construída por duas apropriações da técnica algorítmica: em termos discursivos, duas culturas se desenvolvem – a cibercultura e a cultura digital – conforme se cultivam diferentes usos da técnica. Para desenvolver este estudo, o acontecimento discursivo posto no horizonte é o uso do WhatsApp nas eleições brasileiras de 2018, que, segundo os achados, firmou as bases da fratura social atualmente vivida no país.
Palavras-chave: cibercultura, mídium, Whatsapp
Texto Completo: Discurso y Sociedad
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Dossiê “Ethos discursivo em diversas dimensões”
Ana Raquel Motta, Luciana Salazar Salgado, Sírio Possenti
Este dossiê temático, “Ethos Discursivo em diversas dimensões”, é parte do volume 61 (2019) da Cadernos de Estudos Linguísticos e celebra os dez anos da publicação de Ethos discursivo (São Paulo, Contexto), o primeiro dossiê sobre o tema no Brasil, organizado por um coletivo que daria origem, no mesmo ano, ao Centro de Pesquisa FEsTA – Fórmulas e estereótipos: teoria e análise, sediado no IEL, Unicamp. Tal celebração se justifica pela patente produtividade desse conceito, que tem hoje espraiamentos epistemológicos suscitados por diversos objetos discursivos postos sob análise. Os quinze artigos aqui reunidos confirmam essa produtividade e esse espraiamento, mostrando que estão ligados, entre outras coisas, às questões da circulação dos discursos em ambiente digital, que se caracteriza sobretudo pela demanda de produção de autoimagens, imprescindíveis nas dinâmicas de interlocução hegemônicas no atual período.
Palavras-chave: ethos discursivo, circulação de discursos, autoimagem
Dossiê completo: Cadernos de Estudos Linguísticos
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Mundo ético e mídium: uma cenografia paulistana para a ciência brasileira
Luciana Salazar Salgado, Marina Delege
Considerando a noção de ethos proposta por Maingueneau desde seu texto seminal “Apropósito do ethos”, de 2008, este artigo apresenta duas propostas articuladas: i) uma ênfase na noção de mundo ético, ainda pouco explorada como operador analítico; ii) um acréscimo teórico que põe a noção de mídium como constitutiva do mundo ético. O objeto editorial Pesquisa Fapesp é considerado, dessa perspectiva, como um vetor de sensibilidade ligado a uma matriz de sociabilidade, a Fundação Fapesp, e por isso funciona como um mídium que alimenta um mundo ético: por documentá-lo, legitimando-o, e por fazer parte dele, legitimando-se como documentador (DEBRAY, 2000a e b). Com vistas a esclarecer essa abordagem, analisamos três tipos de dado: 1. A publicidade da revista na revista; 2. Gráficos sobre a pesquisa no Brasil; 3. Um léxico especializado. Nesses dados, verifica-se que a cenografia opera uma circunscrição semântica peculiar do referente “ciência brasileira”
Palavras-chave: mídium; mundo ético; revista Pesquisa Fapesp; ciência brasileira
Texto completo: Letras de Hoje
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Notas sobre paratopia criadora: o caso de Jane Austen para além de sua fortuna crítica
Luciana Salazar Salgado, Amanda Aparecida Chieregatti
Com base no quadro teórico da Análise do Discurso de tradição francesa, particularmente em trabalhos recentes de Dominique Maingueneau (2006, 2008) sobre o que refere por discurso literário, focalizamos neste artigo um estudo de caso: o funcionamento da autoria de Jane Austen. Mobilizamos, para tanto, noções constitutivas da paratopia criadora, a saber, escritor, inscritor e pessoa. E, então, consideramos, além da produção dos textos autorais, material biográfico e variados estudos que circulam sobre a romancista, que tem fãs no mundo todo, entre os quais muitos se organizam em grupos de estudos e de celebração. Assim, tendo em vista o contexto social da Inglaterra na passagem do século XVIII para o XIX, quando é publicada a obra de Austen, procuramos compreender os elementos constitutivos da consagração da autora, que publicou sob pseudônimo e é aclamada hoje pela construção do que podemos chamar de uma “combativa identidade feminina”.
Palavras-chave: paratopia criadora; discursos constituintes, ritos genéticos, mediação editorial
Texto completo: Revista do GEL
Implicações entre mídium e paratopia criadora: um caso de autoria exponencial
Luciana Salazar Salgado e Vitória Doretto
Neste artigo focalizamos o problema da autoria em S., publicado no Brasil em 2015 pela editora Intrínseca. Considerando-o um objeto editorial literário, mobilizamos a noção de paratopia criadora (Maingueneau, 2006) para examinar a constituição do lugar de autor como parte de um regime semântico em funcionamento. O caso: dois autores desaparecem ao romper-se o lacre da caixa que reveste o códice, daí em diante um autor-personagem e personagens-leitores-autores interagem num pertencimento paradoxal, complexificando os tempos das escritas, algumas subsequentes, outras simultâneas: temporalidades dadas pela dêixis discursiva e por uma série de objetos entre as páginas. Essa abordagem exige que se considerem aspectos da materialidade inscricional, convocados aqui sob a noção de mídium (Debray, 2000), e aspectos da constituição do valor dessa materialidade, produzido na conjugação de espaço canônico e espaço associado. Trata-se de assumir a perspectiva da mediação editorial para estudo da autoria como gestão.
Palavras-chave: espaço associado; materialidades da literatura; mediação editorial.
Texto completo: Acta Scientiarum
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Luciana Salazar Salgado e Márcio Antônio Gatti
Neste artigo, examinamos alguns aspectos da circulação da expressão “lugar de fala”, valendo-nos da noção de fórmula discursiva proposta por Krieg-Planque (2010) para o estudo de sintagmas cristalizados cujos percursos no espaço público permitem acompanhar um debate. Com base nisso, a própria noção de espaço público põe problemas interessantes: em tempos de fragmentação e dispersão na comunicação social, em que arenas se dão os embates, em que lugares se tecem os debates? Acompanhando uma certa tradição nas ciências sociais, consideramos o texto “Pode o subalterno falar?”, de Gayatri Spivakvc como documento fundador, na medida em que registra a expressão “lugar de fala” como centro de um pensamento político com dimensões teórica e prática. Os dados colhidos mostram que “lugar de fala” assume traços semânticos de empoderamento de vozes periféricas (ou de minorias), mas também, em certos usos, assume traços de um poder que inibe ou interdita vozes outras.
Palabras-clave: lugar de fala; fórmula discursiva; memória discursiva
Texto completo: Discurso & Sociedad
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O mal-estar na comunicação: a violação da opinião pública pelo sistema midiático brasileiro
Luciana Salazar Salgado
Jaime Tadeu Oliva
Este artigo, de orientação fundamentalmente teórica, documenta discussões interdisciplinares sobre mídia que põem a comunicação no centro do debate sobre as democracias contemporâneas. Partindo de um quadro de estudos que define o discurso como encontro da língua com as instituições, aqui especificado pela perspectiva mediológica, convocamos as noções de sistema e de mundo da vida para expor a tensão condicionante das funções atribuídas e das funções assumidas pelo que costuma ser referido por “mídia” no atual período, em especial na sua relação com a política. Isso implica noções fundamentais para as ciências humanas e sociais como intersubjetividade, vontade política e opinião pública. Propomos, portanto, uma reflexão sobre os imaginários relativos à mídia, sobre as práticas que lhes dão sustentação e, finalmente, sobre o deslizamento que se estabelece nas atuais condições de produção das “trocas” comunicacionais, as quais supostamente estão na base dos direitos humanos, supostamente garantidores das democracias, definidores de seus cidadãos. Aspectos da atual conjuntura brasileira são postos em foco.
Palavras-chave: mídium; mundo da vida; opinião pública
Texto completo: Trabalhos em Linguística Aplicada
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Mediação editorial em artigos científicos: um estudo de injunções e apagamentos nas humanidades
Luciana Salazar Salgado e Letícia Moreira Clares
Este artigo delimita, na ampla discussão sobre comunicação científica, uma reflexão sobre a escrita de artigos no âmbito das humanidades, categoria que subsume diferentes práticas, as quais fazem parte tanto da formação para a pesquisa quanto da formatação da própria pesquisa. Para que seja comunicada, condição obrigatória, toda pesquisa deve atender a normas balizadas por métricas de avaliação, sob pena de não ser avalizada como conhecimento produzido. Diante disso, assumimos uma abordagem mediológica (DEBRAY, 2000a, b), isto é, no quadro epistemológico dos estudos do discurso que se filiam à chamada tradição francesa, esta reflexão se assenta na investigação da mediação entre sujeitos e objetos, mais precisamente na mediação editorial. Para apresentar um conjunto de dados de dois periódicos qualificados, cujas equipes foram entrevistadas, consideramos as métricas em vigor e o entrelaçamento de categorias institucionais. Com isso, parece possível dizer que a categoria humanidades agrupa o que funciona como uma espécie de outro das chamadas ciências duras.
Palavras-chave: comunicação científica; escrita acadêmica; ritos genéticos editoriais
Texto completo: Revista do GEL
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“Consciência negra”: une formule pour discuter le racisme au Brésil
Hélio Oliveira e Luciana Salazar Salgado
Nous analysons le parcours du syntagme « consciência negra » dans l’espace public brésilien, à partir d’un corpus constitué de textes de divers genres qui circulent dans le champ journalistique. Précisément, notre travail se concentre sur le processus de genèse discursive qui transforme le syntagme en formule. Bien que l’on affirme souvent qu’il n’y a pas de racisme au Brésil, l’emploi de la formule « consciência negra » apparaît, en réalité, comme un élément révélateur de pratiques racistes.
Mots-clés: “consciência negra”; formules discursives; presse
Texto completo: Repères-Dorif
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Grupo de pesquisa “comunica – inscrições linguísticas na comunicação”: um trabalho no limiar
Luciana Salazar Salgado
Este artigo apresenta o atual programa de trabalho do Grupo de Pesquisa “Comunica – inscrições linguísticas na comunicação”. Dados os lineamentos amplos, voltados ao estudo dos dispositivos comunicacionais característicos de nosso tempo, apresentamos uma especificação desse estudo, pautada pela noção de partilha do sensível (Rancière, 2009) e desdobrada metodologicamente na noção de paratopia criadora (Maingueneau, 2006), base das análises que propomos para diferentes tipos de texto que são preparados para circulação pública, marcadamente os textos que se põem como projetos criativos.
Palavras-chave: circulação de discursos; materialidades de inscrição; partilha do sensível; paratopia criadora.
Texto completo: Anais Jig 2016
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A transitividade das autorias nos processos editoriais
Luciana Salazar Salgado
Estas considerações sobre autoria, tema de todos os tempos e de muitos campos de saber, se inscrevem numa abordagem material da intersubjetividade, isto é, estão assentadas na relação entre sujeitos e objetos técnicos por eles produzidos, os quais recaem sobre esses sujeitos, sobretudo na relação entre sujeitos, posto que não há produção de quaisquer objetos senão a partir do estabelecimento de valores construídos intersubjetivamente. O foco, aqui, é na mediação editorial, que julgamos emblemática dessa condição humana.
Palavras-chave: intersubjetividade; gestão autoral; mediação editorial; ritos genéticos editoriais.
Texto completo: Revista da ABRALIN
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No quadro da análise do discurso de tradição francesa (AD), propomos, neste artigo, uma reflexão que parte da noção de dispositivo desenvolvida recentemente por Jean-Jacques Courtine (2013) para estudar os formulários de revisão por pares das revistas do Instituto de Estudos Brasileiros – IEB/USP e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da FFLCH-USP, GEOUSP: Espaço e Tempo, com vistas a observar como, nesse tipo de material, (re)constroem-se imaginários de ciência a partir do modo como os processos editoriais acontecem e caracterizam a comunicação científica, nos liames do que Dominique Maingueneau (2006) considera uma instituição discursiva. Partindo das reflexões desenvolvidas até o momento na pesquisa intitulada Ritos genéticos editoriais e comunicação científica: a atividade de revisão em periódicos, explicitamos a configuração desses periódicos como dispositivos comunicacionais e, para tanto, alguns indícios da constituição desses imaginários nos ritos genéticos editoriais adotados nos processos de mediação editorial dos periódicos estudados. Pretendemos, então, investigar algumas das dimensões da mediação editorial que balizam os imaginários de ciência e põem em circulação pública o conhecimento acadêmico.
Palavras-chave: periódicos científicos; dispositivos comunicacionais; mediação editorial; comunicação científica; ritos genéticos editoriais; imaginários.
Texto completo: Filologia e Linguística Portuguesa
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Língua, cultura e imaginários: singular e plural em conflito nos materiais didáticos de português para estrangeiros
Luciana Salazar Salgado
Helena Boschi
Partindo de uma perspectiva discursiva em diálogo com pesquisas recentes da sociolinguística e da linguística aplicada, temos como objetivo investigar a construção e a difusão de imaginários de língua e de cultura, focalizando o primeiro livro da coleção Brasil Intercultural (Ciclo Básico, nível 1 e 2 – MOREIRA; BARBOSA; CASTRO, 2014). São examinadas, assim, propostas de atividade. Os dados mostram um conflito entre um posicionamento progressista e um posicionamento conservador ao longo do material, o que, segundo nossa hipótese, é um efeito da circulação de discursos no espaço público: enquanto estudos da linguagem mostram cada vez mais a complexidade das estruturas linguísticas e da diversidade de usos em conjunturas variadas, no mercado editorial, os próprios autores e o público consumidor são atravessados por um imaginário de língua e de cultura que estabelece uma relação biunívoca entre elas, calcada na noção de que uma língua é um código estável característico das trocas definidoras de um território nacional.
Palavras-chave: português brasileiro; interlíngua; imaginários.
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Sobre a produção de valor: a recente circulação do poema “Viva Vaia”, de Augusto de Campos
Luciana Salazar Salgado
Este artigo propõe algumas considerações sobre o estatuto do material literário na contemporaneidade a partir de um estudo de caso: um poema usado como ilustração de material jornalístico. Mobilizando categorias discursivas, pretende: i) contribuir para investigações sobre os fluxos de texto na cibercultura, entendendo-a como uma cultura hegemônica no atual período, na qual se complexifica a problemática da autoria; ii) contribuir para a abordagem dos materiais literários nas suas formas de inscrição atuais ou atualizadas.
Palavras-chave: discurso literário, circulação literária, tropismo autoral, Augusto de Campos.
Texto completo: Estudos de Literatura Brasileira
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Divulgação científica e ethos discursivo: a criação do “Planeta Azul”
Luciana Salazar Salgado, Joana Brás Varanda Marques
Resumo
Considerando o expressivo volume de trabalhos que focalizam a divulgação científica hoje, apresentamos, neste artigo, um estudo de caso feito de uma perspectiva discursiva: interessa compreender como se constroem imagens científicas ou, noutros termos, como se consagram formas de ver objetos da ciência. Para tanto, levamos em conta, em termos de condições de produção, que os avanços na exploração espacial e na instrumentação em Astronomia possibilitaram o surgimento de imagens de objetos celestes com um nível de detalhe sem precedentes e permitiram, entre outras coisas, fotografar a Terra de uma perspectiva externa e global – e se erigiu aí um paradigma que é nosso objeto fundamental. Importa, também, da perspectiva histórica e sociológica assumida, que esses avanços coincidem com o desenvolvimento de dispositivos de difusão comunicacional em larga escala, que divulgaram essas imagens ditas científicas. Interessa-nos pensar, assim, no quadro da análise do discurso de tradição francesa, mobilizando um modelo teórico proposto para o estudo das formações imaginárias, no modo como se construiu, com isso, uma das mais sacramentadas imagens dessa coleção: a Terra vista do espaço. O “Planeta Azul” é consagrado como um olhar para nós mesmos de uma perspectiva cósmica, sendo, assim, investido de uma dimensão ética, para além da sua dimensão técnica, artística ou científica.
Palavras-chave: Divulgação científica; Ethos discursivo; Cenografia; Planeta Azul.
Texto completo: CASA – Cadernos de Semiótica Aplicada
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Edição de textos: um conflito solidário
Este artigo sintetiza um programa de pesquisa desenvolvido desde 2003, com desdobramentos variados sobre o que temos referido por tópicos linguísticos de editoração. Em seu caráter de “amostra”,aborda discursivamente o tratamento editorial de textos, propondo a noção de ritos genéticos editoriais para designar uma série de processos dos quais faz parte a leitura profissional que configura a revisão de textos, uma atividade linguageira que define um lugar complexo, de atribuições opacas, condicionado e condicionante na dinâmica interlocutiva que revela. Com base nos estudos discursivos da comunicação, procuramos avançar no entendimento do que está em jogo no preparo de um texto autoral destinado à circulação pública.
Palavras-chave: revisão de textos; discurso; interlocução; ritos genéticos editoriais
Texto completo: Intercom
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“Vida Simples”: o discurso do bem-estar corporificado no consumo
Luciana Salazar Salgado, Denise Gasparini Perfeito
Resumo
Com vistas a contribuir para investigações sobre a relação entre sujeitos e objetos na constituição da contemporaneidade, este artigo apresenta uma breve análise do modo como a revista Vida Simples dá tratamento ao que pode ser referido como discurso do bem-estar. Embora seu projeto editorial se apresente com o propósito de auxiliar o sujeito contemporâneo na busca por uma vida melhor porque descomplicada, pode-se dizer que esse discurso, instituído numa conjuntura de “mal-estar dos indivíduos”, materializa-se na construção de um ethos discursivo de aconselhamento que inclui, paradoxalmente, estímulos ao consumo insaciável.
Palavras-chave: discurso do bem-estar; cultura de consumo; ethos discursivo.
Texto completo: Artefactum (interdisciplinar)
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Resumo
Este artigo apoia-se em propostas recentes da pesquisadora Krieg-Planque (2010), que trabalha na interface das ciências da informação com os estudos da linguagem, considerando o quadro teórico da análise do discurso francesa, evocado pela noção de ‘gênese discursiva’ desenvolvida por Maingueneau ([1984] 2008). Focaliza, com isso, o percurso do sintagma ‘cultura de paz’ no espaço público brasileiro, especialmente na cartilha Cultura de Paz: redes de convivência (DISKIN, 2009), marco de um período de intensa circulação dessa fórmula, para mostrar como é produzido um ‘efeito de consenso’ na superfície linguística de um termo que, em seus usos, assume interpretações diversas.
Palavras-chave: fórmula discursiva; sintagma cristalizado; circulação de discursos; interdiscurso
Texto completo: Acta Scientiarum. Language and Culture
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Circulação dos Discursos (número especial revista DELTA)
Ana Raquel Motta, Luciana Salazar Salgado, Maria Cecília Perez de Souza-e-Silva (orgs.)
Apresentação
Em Análise do Discurso, muito já se falou sobre a produção dos discursos, a forma como o sentido é condicionado pelas instituições histórico-sociais e ideológicas de onde provém. Torna-se cada vez mais importante estudar a circulação desses discursos, a maneira como são incorporados pelos sujeitos enunciadores e coenunciadores, como se propagam, como se transformam.
O interesse em pensar sobre os modos de circulação dos discursos reside nas possibilidades analíticas que se abrem ao considerarmos a produção dos sentidos como fundamentalmente interdiscursiva e o interdiscurso como anterior e ulterior aos discursos, que se textualizam sempre “encarnando” meios e materiais que não são neutros nem anódinos, são concretude dos dizeres, que se impõe às interpretações.
Se consideramos que os sentidos das palavras não são definíveis a priori, mas construídos por aproximações a outros termos, conforme as condições de produção do que se enuncia, entendemos que o que um texto “quer dizer” não é nunca algo retomável gratuitamente, como uma unidade de significação fixa, reproduzível com perfeita exatidão. Mas também não é uma variação espraiada ao indizível, posto que todo texto está balizado pelas memórias que evoca ao se pôr numa dada forma de aparecimento.
Essa totalidade apreensível é feita de vários elementos distinguíveis e de instâncias diversas. No caso de um texto escrito, podemos pensar em expedientes como a paragrafação ou a forma de organizar tópicos, títulos e subtítulos, enumerações e nas relações entre esses expedientes; podemos pensar em cores (ou na falta delas), nos formatos de letra, tamanhos, efeitos gráficos, e nos suportes de circulação; podemos pensar também em modos de abrir e de encerrar um fluxo textual; há ainda o tom do texto, o momento em que é proferido, o tempo que toma do leitor, os esforços de interpretação que exige e todas as suas reverberações e ressonâncias. E não há planos privilegiados, uma vez que o eventual privilégio de algum desses elementos é já um efeito de sentido que encontrará ratificações em outros planos, como a falta de relevo de certos outros elementos. [ler mais]
Palavras-chave: circulação dos discursos
Revista completa: DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada
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Ritos genéticos editoriais: uma abordagem discursiva da edição de textos
Luciana Salazar Salgado
Resumo
Este artigo aborda discursivamente o tratamento editorial de textos, propondo a noção de ritos genéticos editoriais para designar uma série de processos desencadeados pela leitura profissional do revisor de textos, uma atividade linguageira que define um lugar complexo, de atribuições opacas, condicionado e condicionante na dinâmica interlocutiva que revela. Com base nos fundamentos da análise do discurso de tradição francesa, procuramos avançar no entedimento das manobras de leitura e escrita envolvidas no preparo de um texto autoral destinado à circulação pública.
Palavras-chave : Discurso; alteridade; revisão de textos; ritos genéticos editoriais.
Texto completo: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
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Personagens infantis de tiras cômicas em suportes diversos: uma questão de circulação, aforização e estereotipia
Márcio Antônio Gatti, Luciana Salazar Salgado
Resumo
O objetivo deste artigo é abordar a questão da circulação de tiras cômicas em suportes diversos. Observando que esses textos, primeiramente publicados em jornais, estão presentes, também, em outros suportes textuais, defende-se, ao analisar sua publicação em coletâneas, que tal fato implica um certo impacto no modo como se percebe a instância autoral. Valendo-se do conceito de autoria, argumenta-se que uma coletânea de tiras representa uma possibilidade de entrada no mundo das Letras ao autor de tiras, fazendo com que a ele sejam atribuídos papéis e funções nas diversas dimensões autorais. Abordando, ainda, o uso de tiras cômicas com personagens infantis (ou de seus personagens) em uma rede social da Internet, argumenta-se que o funcionamento do estereótipo da criança incompleta nesse suporte textual sugere uma aproximação com o regime de enunciação aforizante, dado o uso peculiar que se faz desses personagens em tal rede social.
Palavras-chave : Análise do Discurso francesa; tiras cômicas; autoria; enunciação aforizante.
Texto completo: DELTA: Documentação em Linguística Teórica e Aplicada
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Da interlocução editorial: a presença do outro na atividade dos profissionais do texto
José de Souza Muniz Júnior, Luciana Salazar Salgado
Resumo
Este artigo aborda, de uma perspectiva discursiva, o funcionamento da alteridade no tratamento editorial de textos. Analisamos dois aspectos: primeiro, os lugares enunciativos que aí se instituem em correlação — autor e leitor; segundo, as memórias discursivas que balizam sua realização, sempre inscrita num campo. Destacamos a inseparabilidade entre o texto e suas condições de produção, considerando as relações entre os vários discursos que regulam esse trabalho, ora restringindo suas possibilidades, ora ampliando-as.
Palavras-chave: Campo editorial; Edição de texto; Revisão; Dialogismo; Interdiscurso
Texto completo: Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso
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A criação num “mundo sem fronteiras”: paratopia no período técnico-científico informacional
Luciana Salazar Salgado, Ricardo Mendes Antas Júnior
Resumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre a criação autoral no mundo contemporâneo. Assumindo uma perspectiva discursiva, valemo-nos da noção de paratopia (MAINGUENEAU, 2006) para analisar materiais característicos do “mundo sem fronteiras”, um efeito de sentido produzido na circulação de fluxos textuais do período técnico-científico informacional (SANTOS, 2000). Trata-se fundamentalmente de uma aproximação entre questões discursivas e geográficas, posto acreditarmos que um melhor entendimento das relações espaço-temporais características do período que vivemos podem contribuir para compreender formas de inscrição autoral atuais, como se põem em cena identidades que são tão fortes quanto instáveis, e configuram, assim, uma proliferação de “zonas de fronteira”.
Palavras-chave: Autoria; paratopia; período técnico-científico informacional
Texto completo: Language and Culture – Acta Scientiarum
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Leitores, autores, leituras
Luciana Salgado
Resumo
Com base em desdobramentos metodológicos recentes da Análise do Discurso, procuramos pôr em evidência os modos de dizer, examinando-os à luz das relações entre coerções genéricas e usos da língua, para verificar como as representações entre interlocutores participam das práticas sociais, configurando as cenas da enunciação. Focalizamos aqui o concurso Literatura para Todos (2006, 2008).
Palavras-chave: leitura; autoria; cenas da enunciação
Texto completo: Cadernos de Letras da UFF
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A circulação da energia social inscrita na vitalidade dos textos
Luciana Salazar Salgado
Resumo
Há hoje um farto universo de produções e regulamentações que fazem do livro um foco de atenções inéditas no Brasil. Com isso, também ganham terreno temas a princípio bem diversos, como letramento e marketing cultural, por exemplo. Aqui, com base em desdobramentos teóricos da Análise do Discurso de tradição francesa, examinaremos a relação entre o trabalho dos autores e o de seus interlocutores editoriais, os quais, vistos dessa perspectiva, permitem observar a diversidade de práticas e semioses que constituem o processo de criação dos textos cujo destino é circular publicamente. O que se verifica é que, sendo objetos culturais, os textos a publicar não se bastam como organização estritamente linguística ou, antes, a própria organização linguística não se basta, sua autonomia é relativa, pois está submetida a muitas coerções que são de outra ordem – a do discurso, se entendemos por isso que todo texto lido é uma enunciação efetivada e, assim, está sujeito a um conjunto de restrições semânticas que são indissociáveis de um conjunto de práticas sociais e históricas.
Palavras-chave: livro; texto; criação; práticas editoriais
Texto completo: Alfa- revista de linguística
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Um ethos para Hércules: considerações sobre a produção dos sentidos no tratamento editorial de textos
Luciana Salazar Salgado
Resumo
Muitos projetos editoriais têm investido na compreensão da autoria, de seu processo de constituição: no tratamento editorial de textos, dá-se, na matéria textual que irá a público, uma espécie de debate sobre as idéias e seu arranjo, uma interlocução que se registra no corpo do original, propondo correções, mudanças, questões diversas. Entendido no âmbito dadiscursividade, esse trabalho editorial se faz em manobras lingüísticas reveladoras do quanto, nessa altura, o texto está em construção. Embora se tenha estruturado como versão final, ao passar por essa leitura/co-enunciação, ele se move – às vezes em novas direções, às vezes tornando contundentes certos traços, ou abrindo mão de outros. Com base nisso, considero a noção de ethos para a qual “o texto não é para ser contemplado, ele é uma enunciação voltada para um co-enunciador que é necessário mobilizar para fazê-lo aderir ‘fisicamente’ a um certo universo de sentido” (Maingueneau, 2005a) e analiso excertos de tratamento editorial de uma versão dos Doze Trabalhos de Hércules, nos quais alterações sutis da cenografia discursiva necessariamente alteram oethos que dela participa, matizando o mito.
Palavras-chave: autoria, edição de textos, discursividade, ethos
Ritos genéticos no mercado editorial
Luciana Salazar Salgado
Resumo
Neste artigo discuto a construção da autoria, tendo em vista o processo da produção escrita até a publicação do texto. Observase nas práticas atuais do mercado editorial, nas suas formas de tratamento dos textos destinados à publicação, aspectos discursivos da constituição da autoria que permitem apontar num texto as marcas do trabalho de um autor. Para tanto, valho-me dos desdobramentos da Análise do Discurso que consideram a língua constitutivamente opaca e polissêmica, os sujeitos como clivados e as conjunturas sociais de interlocução marcadas por lugares sociais definidos na sobreposição de temporalidades e funções de que se faz a história. Essa análise do discurso vê nos textos, ou melhor, nas práticas de textualização, as marcas da heterogeneidade e da alteridade constitutivas de todos os dizeres.
Palavras-chave: Revisão de textos; Autoria; Práticas editoriais.
Texto completo: Scripta
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A criação como partilha
Luciana Salazar Salgado
Resumo
O artigo focaliza questões relativas a um fenômeno editorial crescente, que toca em velhas questões de autoria. Uma atividade profissional de leitura deixa rastros na superfície textual – correções, sugestões e observações da ordem do discurso – que, segundo as entendemos, permitem ao autor ser um proficiente leitor de seu proóprio texto.
Palavras-chave: autoria, leitura profisisonal, revisão de textos, tratamento editorial de textos
Texto completo: Recorte – Revista de Linguagem, Cultura e Discurso
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Trocando em miúdos
Luciana Salgado
É provável que se possa falar, hoje, em práticas editoriais lin-güísticas e práticas lingüísticas editoriais. As primeiras são ca-racterísticas de um texto escrito destinado à publicação – trata-se de material lingüístico que demanda procedimentos técnicoscomo catalogação, normalizações, relativos ao próprio suporte ea sua circulação. As outras, estreitamente ligadas a estas, são umfenômeno decorrente tanto do desenvolvimento das teorias lin-güísticas ao longo do século XX, como das demandas que seconfiguraram quanto à formação de leitores, às teorias e práticasdecorrentes e à expressiva multiplicação de títulos e autores.Considerando as práticas lingüísticas editoriais em sua dinâmicahistórica, focalizam-se aqui textos submetidos a tratamento edi-torial, nos quais se estabelece uma interlocução no corpo do ori-ginal, abrindo-se, com isso, novas tramas e percursos. Com basena Lingüística Textual que entende os textos como “lugar demovimento”, pode-se observar que os textos autorais em trajetoeditorial, mesmo que nunca destituam seus autores, permitemmovimentos em seus traços idiossincráticos.
Palavras-chave: autoria, edição de texto, progressão textual
Texto completo: Matraga
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Como se diz o que se diz
Luciana Salgado
Resumo
Examinando materiais escritos preparados para circulação pública, é possível ver a complexidade das manobras de ajuste (que não coincidem simplesmente com correções gramaticais), efetuadas por profissionais cujo estatuto é ainda pouco claro. Parece possível sustentar que essas manobras são balizadas por uma conjugação das coerções genéricas, ou dos modos de genericidade (Maingueneau, 2006a), com certos usos da língua, ou da interlíngua (Maingueneau, 2006b). Nessa conjugação, engendra-se uma cenografia e dela é que emerge uma voz cujo tom evoca um caráter e uma corporalidade, isto é, emerge um ethos discursivo, sempre ligado às expectativas do público leitor, e também, ao mesmo tempo, ao estabelecimento de novas expectativas e acordos. Evidentemente a própria circulação desses documentos participa da produção de seus sentidos.
Palavras-chave: ethos discursivo; cenografia; genericidade; interlíngua
Texto completo: Núcleo de Análise do Discurso – NAD
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O Autor e seu Duplo nos ritos genéticos editoriais
Luciana Salazar Salgado
Resumo
Considerando as práticas editoriais em sua dinâmica histórica, esta pesquisa se concentra numa atividade profissional que tem contemplado reflexões sobre leitura e escrita, e assim tem orientado todas as etapas de tratamento dos textos destinados a publicação. Aqui, focalizo uma dessas etapas, entendendo-a como partícipe do processo autoral (que envolve diferentes agentes e operações), o que parece configurar um caráter coletivo da autoria, que entendemos ser característico das condições atuais da produção editorial. Nesse processo, o autor é chamado a um exercício de alteridade explicitado nos textos, cujas diretrizes dizem respeito às limitações e flexibilidades de cada projeto de publicação – momento especialmente interessante para examinar relações entre práticas discursivas e práticas textuais.
Palavras-chave: autoria, textualização, práticas discursivas
Texto completo: Eutomia – Revista de Literatura e Linguística
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A interlíngua atrás da Catedral de Ruão
Luciana Salgado
Resumo
Este artigo reúne observações sobre um conto de Mário de Andrade baseadas no conceito de interlíngua. Na verdade, nasceu como um exercício que proporia em aula para despertar uma reflexão sobre a língua. Os debates atuais são muitos, as vertentes de estudos da língua e da linguagem se desenvolveram ao longo do século XX, se multiplicaram, se multifacetaram, se interpenetraram e, enfim, há um universo riquíssimo de especulações e pesquisas. Era como um convite à aproximação desse universo que eu preparava esta leitura. Assim, estabeleci uma concepção fundamental sobre a qual, depois, poderíamos alçar outros vôos, teóricos e analíticos: o conceito de interlíngua desenvolvido por Dominique Maingueneau (2002).
Palavras-chave: interlíngua; análise do discurso
Texto completo: Crítica e Companhia
A interlíngua de “Atrás da Catedral de Ruão em pdf.
O autor e seu texto OU o texto e seu autor?
Luciana Salgado
Resumo
Muitos projetos editoriais têm investido na compreensão da constituição da autoria. No tratamento dos textos a publicar, dá-se, na matéria textual, uma espécie de debate sobre seu arranjo, uma interlocução que se registra no corpo do original, propondo correções, mudanças, questões diversas. Discursivamente, pode-se dizer que esse trabalho editorial se faz em manobras linguísticas reveladoras do quanto, nessa altura, o texto está em construção, embora se tenha estruturado como versão final.
Palavras-chave: Autoria; alteridade; edição de textos.
Texto completo: Todas as Letras
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A jurisdição semântica de uma teoria que vai parar na escola
Luciana Salazar Salgado
Resumo
A jurisdição semântica de uma teoria, num material didático, simplifica percursos teóricos. Aqui, reúnem-se notas sobre um material que tem base na Geografia crítica – vertente que refez o objeto de estudo desse campo, desde 1970, propondo o espaço geográfico como instância social.
Palavras-chave: Material didático; história; sentido
Texto completo: Estudos Linguísticos
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Um discurso sobre a terra, um acontecimento
Luciana Salgado
Resumo
Procura-se observar, aqui, a emergência de um discurso novo, que se orienta pela fundação de uma semântica específica, diretamente relacionada a práticas sociais que experimentam um rompimento com o status quo não como um projeto calculado, mas como um conjunto dinâmico de práticas nascedouras – donde sua legitimidade e sua decorrente força discursiva. Para tanto, analisam-se as edições do primeiro semestre do jonrla Brasil de Fato, desde o número zero.
Palavras-chave: acontecimento discursivo; terra; Brasil de Fato
Texto completo: Ave Palavra
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Progressão textual e interlocução discursiva