Insurgências em tempos de pandemia  (2023)

co-organziação com Bruno Deusdará, Décio Rocha e Fátima Pessoa

quarta-capa

Este livro se divide em duas partes. Primeiro, ao problematizar aparelhos de captura, vai na direção de recriar os sentidos de confrontar o ciborgue liberal existente entre nós, que é a real conformação da colonialidade na economia política que nos circula. Já a segunda parte diz diretamente sobre o que fazer com a zona do não ser.  Ao pensar em afirmar modos de
habitar, podemos pensar na heterogeneidade que nos forma na qualidade de sujeitos em nossa experiência vivida para podermos formar novas formas de vivermos como sujeitos contracoloniais. Vai com este livro uma opção de se continuar forjando posições de contraexistência humanas, de iniciativas de desautomatizar as geontologias que nos tornam  inanimados na colonialidade liberal.

 

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Língua, linguagens e interfaces  (2021)

co-organização com Ana Carolina Vilela-Ardenghi

Língua, linguagens, interfaces é um título da Coleção Polifonia. Foi pensado para apresentar, em especial aos estudantes de graduação em Letras e formações correlatas, diferentes possibilidades de interface do trabalho linguístico. Neste volume, são analisados casos que podem interessar também a pesquisadores mais experientes voltados a questões de linguagem a partir de outras disciplinas e áreas que fazem contato com discussões sobre a produção dos sentidos, sobre o que está em jogo quando a língua está em cena, funcionando como um operador da organização social. O volume reúne capítulos que versam sobre temas típicos do tempo presente (discursos de ódio, ambiente digital, ciberativismo, literatura distópica, ensino para surdos e representações da mulher) e diferentes modos de abordagem desses temas.

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Espaço comunicativo e fratura social (2020)

com Jaime Oliva

NOTA INTRODUTÓRIA

Os textos reunidos neste livro foram escritos em momentos diferentes, mas, juntos, constituem as linhas de força de um programa de pesquisa que a partir deles se firmou. Neles se percebem versões mais iniciais e outras mais maduras de algumas de nossas ideias sobre a comunicação hoje. Os temas que os percorrem referem-se à constituição e às operações do espaço comunicativo nas sociedades contemporâneas, com foco no Brasil. Refletimos sobre as redes digitais e sobre o sistema midiático tradicional, discutindo fundamentalmente ações comunicacionais que alimentaram a fratura social atualmente vivida.

Se o contexto de sua produção é marcado por certa dispersão temporal com elaborações desiguais, por que não os publicar em forma de antologia de artigos produzidos em parceria em vez de estabelecê-los editorialmente num livro sequencializado por capítulos? Se inicialmente esses textos não foram pensados para constituir um conjunto, foi porque nós mesmos não sabíamos o quanto nosso compartilhamento de elaborações, que era cultivado com referências e linguagens das diferentes disciplinas em que trabalhamos, nos remetia para um ponto comum de reflexão: o espaço comunicativo e sua ação disruptiva nas discussões públicas, especialmente as políticas, marcadamente no Brasil. Assim, essa interlocução não só nos remetia à questão “espaço comunicativo” em geral, como também a um certo trabalho de tradução para uma linguagem comum, para as questões mais perturbadoras que estão à vista de todos nesse espaço. As perspectivas ora se completavam, ora produziam debates que nos levavam de fato a outros entendimentos. Assim, não há como atribuir a cada texto uma autonomia suficiente para compor uma antologia, pois eles refletem os contornos dos temas e das ideias que estamos discutindo e amadurecendo numa certa sequência e num franco esforço de interdisciplinaridade. […]

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Mediação editorial: o que é, quem faz? Revisão de textos, ofícios correlatos e plataformas editáveis  (2018)

co-organização com Ana Elisa de Arruda Penteado

UMA NOTA SOBRE ESTE LIVRO
 
Os livros contam suas histórias. Cada um, a seu modo, vai dando a ver como ganhou vida de livro — as etapas por que passou, os atores que mobilizou, as implicações dos materiais em que seus textos se inscrevem. E há ainda os prefácios, notas, orelhas… Tudo isso é o livro porque diz nele o que ele é.
Decerto este aqui está contando sobre si um bocado de coisas. Algumas que a editoria pretendeu, outras que lhe escapam…
Seja como for, decidimos que importava dizer que este livro é uma reunião de textos de gente que se encontrou na 3ª edição do Fórum Nacional sobre a Formação e a Atuação Profissional do Revisor de Textos, um ambiente de trocas entre acadêmicos e não acadêmicos, entre as práticas de diferentes atividades exercidas com tantos pontos de contato, parecenças, irmanações, sobretudo no que diz respeito a esse estado de pesquisa permanente que todo trabalho intelectual exige e que de fato o define. Esse Fórum é feito por pessoas que, em busca, trilhando, se reúnem para acenar aos companheiros, reconhecer angústias, tecer esclarecimentos dando nome a elas, propor encaminhamentos desanuviantes.
É que a revisão de textos, ofício tão antigo quanto pouco conhecido, segue sendo necessária, exigente de uma fina formação (que mal começa a ser assumida nas universidades, nas quais algumas iniciativas pioneiras estão em pleno processo de invenção) e se afigura como um supertema de pesquisa e uma profissão carente de delimitação formal. Neste caso, porque as condições de trabalho, de remuneração e as próprias atribuições de um revisor são sempre opacas demais… No caso da pesquisa,
porque ela tem chance de oferecer alguma desopacificação e, de quebra, avivar temas correlatos na linguística, na comunicação, na sociologia, na literatura…
A seleta ora oferecida é uma possível mostra disso, nos tons do que aconteceu naqueles dias de março de 2017, na Universidade Federal de São Carlos, para onde quase trezentas pessoas foram, saídas de diferentes estados, cidades, ambientes de trabalho, querendo conversar sobre mediação editorial, sobre os letramentos que ela supõe, sobre o mercado de trabalho que a delineia. E a revisão de textos posta aí no centro, como
uma leitura profissional cheia de especificidades que, no processo de tratamento editorial de um texto, apontam para um antes e um depois de si, finalizando uma versão pública ao mesmo tempo que levantam questões primeiras; um trabalho que está indo desembocar lá no consumo ao mesmo tempo que devolve ao autor seu lugar, as responsabilidades que ele implica.
Este livro é, assim, um retrato da 3ª edição do Fórum, vista de um certo ângulo. Aos que quiserem ver mais, lá está o site — esse outro objeto editorial que abriga uma conversa mais comprida, talvez até sem fim. Pra já, que este livro seja um aperitivo e que instigue os desejosos de mais encontros.
 
— Luciana Salazar Salgado
São Carlos, setembro de 2018

cotradução com Helena Boschi

Quarta-capa

Quem quer que deseje apreender um discurso para estudá-lo encontra em seu entorno uma multiplicidade de territórios e objetos que se prestam a esse tipo de investigação: o discurso está no centro da vida política e social. Muito frequentemente essa pesquisa encontra em seu decurso atividades de informação e comunicação que, de fato, antes de mais nada, são discursivas e simbólicas. É preciso, então, estabelecer o que se pode fazer ( e o que não se pode fazer) com os textos e os enunciados observados dessa perspectiva, e explicar virtures e limites da análise do discurso como um estudo do real do discurso, nos seus elementos observáveis em contexto e situados.

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Quem mexeu no meu texto? – questões contemporâneas de edição, preparação e revisão textual (2017)

 
Quarta-capa
 

Um autor, um texto… e um mundo de coisas entre um e outro! Coisas de que raramente se fala, embora cada vez mais pareça importante, necessário, urgente conhecê-las. Coisas que acontecem entre a submissão dos “originais” de um autor e a vida do texto publicado. Esse processo (talvez fosse o caso de dizer processos) é sempre riquíssimo, envolve conhecimentos variados, de distintos campos de saber, e muitos atores sociais, dinâmicas, relações, redes… Neste livro, é disso que se trata: que caminhos faz um texto autoral quando é olhado com vagar, com minúcia, com astúcia e – por que não? – com a delícia de quem se propõe até a formular categorias analíticas para abordar fenômenos tão instigantes, objetos tão convidativos.

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Ritos genéticos editoriais: autoria e textualização (2016, edição revista, 2021 segunda edição)

Ritos genéticos editoriais: autoria e textualização (2011, esgotado)

Nota introdutória

As reflexões que se seguem resultam de um estudo discursivo do mercado editorial brasileiro, mais especificamente de um período do mercado editorial brasileiro: entre 2003 e 2007, tomada como marco inicial a promulgação da chamada Lei do Livro.

Mobilizando o quadro teórico e metodológico da análise do discurso de tradição francesa, um conjunto de noções articuladas foi explorado, notadamente propostas de Dominique Maingueneau, para pensar sobre o que tem sido comumente referido como revisão de textos, e daí se desdobra a necessidade de pensar sobre autoria, desse lugar de um leitor profissional que se institui como um outro do autor.

Diante da efervescente discussão em curso no Brasil e, mais amplamente, nas relações internacionais, a esperança é de que o recorte ora oferecido seja útil para os interessados em estudar o funcionamento do mercado editorial e as problemáticas discursivas, comunicacionais e culturais que se põem nesse estudo e, também, que aos analistas do discurso seja útil o modo como as questões teóricas e metodológicas conduziram às análises sobre o estatuto discursivo dos gêneros, da língua e do ethos.

É certo que, de 2007 para cá, novos dados permitem novas reflexões, e foi grande a tentação de fazer atualizações. Pesquisas importantes, como as várias séries produzidas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e os levantamentos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, inclusive o Censo 2010, permitem passos mais largos nos debates sobre autoria, propriedade intelectual e acesso ao bem cultural. Em todo caso, proceder a essas atualizações implicaria um novo trabalho, uma vez que a composição do arquivo de base se transformaria substancialmente e isso produziria novas necessidades, possivelmente apontaria para outras questões, além das que são abordadas aqui.

Assim, este texto é bastante fiel à pesquisa de doutorado desenvolvida no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, sob orientação do Prof. Dr. Sírio Possenti, e parte do que foi reunido nestes capítulos teve circulação em artigos, antes e durante o estágio de pós-doutorado no Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, sob supervisão da Profa. Dra. Norma Discini, com bolsa da Fapesp, que também financiou esta publicação.

Esta versão é, portanto, uma compilação dos dados e das análises que pude debater em diversas ocasiões. Agradeço especialmente aos colegas do Centro de Estudos de Fórmulas e Estereótipos: teoria e análise, o FEsTA, que tem abrigado pesquisadores de diferentes níveis e instituições, produzindo encontros de diversos formatos, leituras coletivas, trocas muito proveitosas. Espero, com este volume, fazer jus a esses companheiros.

Por fim, arrisco-me a sugerir que as considerações finais possivelmente serão um bom começo para não-especialistas que têm buscado aproximação com os estudos da linguagem.
Mas isso tudo são esperanças, ao leitor caberá fazer seus caminhos pelas trilhas do texto – as que foram abertas e as que sempre estão por abrir.

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A noção de ‘fórmula’em análise do discurso, de Alice Krieg-Planque (2010)

cotradução com Sírio Possenti

Quarta-capa
“Mundialização/globalização”, “choque de civilizações”, “sem-documentos”, “fratura social”, “dever de memória”, “desenvolvimento sustentável”, “má nutrição”… Todas essas expressões – e muitas outras ¬– podem ser vistas como fórmulas: em um dado momento da história, elas se impõem ao mesmo tempo como passagens obrigatórias dos discursos e como objetos polêmicos no espaço público. Elas condensam questões políticas e sociais. Cristalizam o debate. Trazem à luz evidências e questionamentos.

Em uma perspectiva pluridisciplinar, este livro propõe um quadro teórico e metodológico para compreender e estudar tais fatos discursivos. A apresentação do quadro teórico permite situar os fundamentos conceituais da noção de fórmula. Os elementos de método propõem ao leitor categorias de análise e critérios para estudar em um corpus tal ou tal fórmula determinada.

Este livro se destina a estudantes e a professores-pesquisadores de diferentes disciplinas que desejem submeter à análise do discurso as realidades políticas e sociais com que se defrontam. Mais amplamente, “A noção de ‘fórmula’ em análise do discurso” merecerá a atenção de todos os que aspiram a olhar criticamente os discursos dominantes. Esses últimos, é necessário deixar claro, não se compreendem sem os contradiscursos que se dão a ver como alternativas ou contradições.

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Fórmulas discursivas (2010)

co-organização com Ana Raquel Motta

Apresentação
O estudo de fórmulas tem uma larga tradição nas ciências humanas e reúne pesquisas sobre provérbios, ditados, máximas, slogans, bordões e divisas, para ficarmos apenas em alguns exemplos. Nos estudos da linguagem, tem-se considerado que são pontos de relativa “cristalização” da língua, isto é, segundo essa concepção, fazem parte do léxico de uma comunidade de falantes. A fórmula seria, portanto, uma espécie de síntese alcançada pela história da língua, síntese esta que teria levado um elemento polilexical a funcionar como um item do léxico. Aqui, vista da perspectiva discursiva de tradição francesa, a questão se desloca significativamente: essa síntese linguística supõe um território delimitado que, no entanto, vê suas fronteiras a todo tempo movidas – ameaçadas, estendidas, encolhidas, refeitas…

Se pensarmos que toda síntese recobre articulações forjando uma unidade complexa, heterogênea, híbrida, entenderemos que fórmulas como slogans, ditados e frases feitas, entre outras, embora possam parecer territórios de apaziguamento, são, ao contrário, posicionamentos que denunciam a rede de disputas em que se inserem e de que relevam. Trata-se de alvoroço, de efervescência.

Mesmo que se pense em termos de “cristalização”, não será o caso de ver aí algo imóvel ou imutável. Todo dizer é um movimento e, quando cristalizado, faz-se nó de uma rede – não um ponto final, não um ponto isolado, mas ponto nevrálgico, lugar estratégico na dinâmica histórica que o institui e salienta. E tal “saliência” tem a ver com as polêmicas em foco numa dada comunidade discursiva, com as crenças que as sustentam, com os discursos que as alimentam e que podem transformá-las também.

Assim é que toda fórmula discursiva comporta uma densidade histórica que se presentifica na sua circulação, apoiada em preconstruídos e voltada a novas construções.
Com base nisso e no que Alice Krieg-Planque propõe em seus trabalhos sobre fórmula, em que as questões metodológicas são abordadas de modo muito proveitoso, pesquisadores brasileiros de diferentes universidades, reunidos no centro de estudos Fórmulas e estereótipos: teoria e análise – FEsTA (com sede no IEL – Unicamp), oferecem ao leitor análises que, se não seguem à risca os passos da autora francesa, dialogam com ela, convocando outros autores, mobilizando outras noções, sempre com vistas a lançar luz sobre essas sínteses, que são tão sofisticadas quanto esclarecedoras dos jogos de poder na linguagem.

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Ethos discursivo  (2008)

co-organização com Ana Raquel Motta

Apresentação
Nesta coletânea foram acolhidas diferentes reflexões cujo traço comum é tratarem da noção de ethos discursivo. Uma proposta instigante, uma vez que essa noção, embora um tanto recente, já congrega diversas áreas de estudo das discursividades, constituindo um campo de investigação bastante fértil. Sobre as semelhanças entre os artigos aqui reunidos, podemos dizer que concordam a respeito da importância desse conceito para compreender e interpretar os fenômenos discursivos, sobretudo porque permite abordar um aspecto sobre o qual pouco se escreveu em Análise do Discurso: o dos modos de dizer.

Como se verá, as partes oferecidas são recortes (de certo modo) temáticos, que nos pareceram úteis na medida em que anunciam territórios de pesquisa. Partindo de um artigo teórico de Dominique Maingueneau, os outros textos foram agrupados em diferentes seções, nas quais os leitores encontrarão análises sobre arte, política, religião, auto-ajuda, sexualidade, humor, imprensa e ciência. Mas os trabalhos aqui reunidos não procuram esclarecer tais recortes ou delimitar os territórios que anunciam: nasceram antes desta organização e voltam-se sobre diferentes tipos de dado, abordando-os da perspectiva do ethos. Freqüentemente, de um território a outro, as análises farão parecer movediça essa partição “temática”. Assim é. A Análise do Discurso trata sobretudo de fronteiras. Então, se cada um dos artigos vale por si, como unidade coerente de um estudo específico, a leitura do conjunto certamente dará a ver uma epistemologia em construção.

Desse modo, este é, possivelmente, um livro de estudo do tipo que convida a um passeio com idas e vindas difíceis de prever, saltos e remissões que cada leitor fará, incomodado, identificado ou curioso diante dos incômodos, identificações e curiosidades que moveram os trabalhos ora apresentados. É possivelmente um fórum em forma de livro. E espera, com isso, alimentar debates.
As organizadoras

As organizadoras

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