A fórmula “liberdade de expressão”: relações de poder e opinião no discurso midiático
Iniciação Científica com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa – Fapesp
Bolsista: Jaqueline Roberta Ribas; Orientadora: Luciana Salazar Salgado
Este projeto de Iniciação Científica objetiva compreender, com base no quadro teórico da Análise do Discurso de orientação francesa e mobilizando o conceito de fórmula discursiva proposto por Alice Krieg-Planque (notadamente 2009, 2010), a circulação do sintagma “liberdade de expressão” no discurso midiático, tomando como referência os debates atuais sobre o Marco Regulatório da Comunicação no Brasil, em processo de votação iminente. Segundo os desenvolvimentos teóricos de Krieg-Planque, uma fórmula discursiva se define por: ter um caráter cristalizado; se inscrever numa dimensão discursiva; funcionar como referente social e comportar um aspecto polêmico. Com base nessas propriedades, consideraremos a expressão reiterada nos debates sobre a regulação da comunicação no Brasil, fazendo a hipótese de que se trata de uma fórmula: um território de aparente consenso que abriga confrontos históricos. Em linhas gerais, podemos dizer que o sintagma “liberdade de expressão” circula na tessitura interdiscursiva, fazendo e refazendo nós de uma polêmica instituída há décadas, remontando ao texto da Constituição de 1988 – e decerto com a intervenção de uma memória discursiva anterior ao regime civil-militar que instaurou uma mordaça generalizada. Atualmente, a proposta de adoção de medidas reguladoras sobre o sistema de comunicação é posta como democratizante para aqueles que entendem que a regulamentação permite equanimidade no acesso e na produção de conteúdos comunicacionais, e é posta como censura para os que entendem que regulamentar é um passo para coibir. Desse modo, o sintagma “liberdade de expressão” pode ser enunciado como “necessidade de regulação” ou como “nenhuma regulação”. A partir de um corpus constituído por meio dos portais das revistas semanais Veja e Carta Capital e de manifestações na blogosfera, pretende-se identificar como esse sintagma circula, ganhando dimensão midiática e explicitando “relações de poder e opinião” (Krieg-Planque, 2009:8).
Relatório Final – A fórmula liberdade de expressão relações de poder e opinião no discurso midiático