A PARATOPIA CRIADORA DE JANE AUSTEN: UMA AUTORA FEMINISTA?
O presente trabalho focaliza três obras da autora inglesa Jane Austen (1775 – 1817), Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813) e Persuasão (1818), observando o funcionamento da autoria segundo o conceito de paratopia criadora apresentado por Dominique Maingueneau (2006) e, analisando a leitura contemporânea dessas obras que as denominam pertencentes ao discurso feminista.
Na última década, mesmo passados dois séculos da morte de Jane Austen, sua obra tem sido muito comentada e ganhou uma variedade de adaptações como filmes, seriados e incontáveis releituras, como se seus escritos houvessem sido redescobertos recentemente. Mas, não é o caso, pois as famosas obras de Austen ganham adaptações desde a década de 1930. Então, qual o motivo de toda a comoção em torno dos romances da autora nos últimos anos?
O objetivo desde trabalho é analisar não apenas a três obras referidas anteriormente à procura de traços que possam ser referidos como pertencentes ao discurso feminista, mas também analisar dados pertencentes ao corpus paratópico coletado para esta pesquisa, corpus este formado por dados biográficos e referentes à leitura – inclui-se aqui releituras, adaptações cinematográficas e televisivas, bem como a apropriação do discurso de Austen em debates feministas – contemporânea.
Estudar esse objeto tem como finalidade observar se a escrita de Austen tinha a pretensão de defender o direito das mulheres de seu tempo, ainda que a autora não explicitasse tal opinião ou se, com base em nossa história e nas mudanças ocorridas nos dois séculos transcorridos desde a produção dessas obras é o que nos faz lê-las como uma crítica feminista à sociedade machista e patriarcal. Procurando compreender de que modo as obras de Austen circulam no século XXI, e como os recursos deste século influenciam diversos tipos de leitura.
O que faz de Austen uma autora tão atual a ponto de mobilizar grupos de estudo, não necessariamente acadêmicos a se reunir todo ano para colocar em debate assuntos apresentados nas obras da autora? Austen publicou apenas quatro romances em vida, morrendo jovem, aos 41 anos, deixando um legado literário que impulsionou o romance inglês para a modernidade ao defender a liberdade feminina e tratar o simples cotidiano com uma sutil ironia.
PALAVRAS-CHAVE: análise do discurso; discurso literário; discurso feminista; paratopia criadora
FAPESP: Processo 2013/07897-6